domingo, 17 de dezembro de 2017

UM TIPO DE AMOR QUE NÃO ENTENDI

Ouvindo uma antiga canção me deu vontade de escrever. Ajeitei-me de posse de uma caneta e um papel e comecei a deitar as frases que me vinha como bolhas de sabão sopradas de algum lugar bem distante.

Em transe me senti hipnotizado, imagens bailavam, risos ecoavam e lágrimas de um amor distante escorria da face de um alguem, que eu não sabia quem era.

De repente, uma boca se formou, mas o resto do rosto na sombra ficou. Lábios finos, pintados de batom rosa, que diziam sobre um tempo futuro, quando o amor já era outra coisa, diferente deste que hoje conhecemos.

Aquela boca disse sobre a docilidade do amor sem desejo, do sublime sentimento além do corpo e da proximidade que no futuro teriam duas almas, que feitas gêmeas se reencontrariam na eternidade, sem o véu do agora.

Perplexo, sem muito entender continuei ouvindo e tentando processar tudo aquilo que ouvia. Pensei em meu pobre discernimento, aquela boca era de um anjo ou de um demônio? Mas, cheguei a conclusão que meu preconceito embaçaria  minha visão, por isso abandonei a dúvida continue ouvindo e escrevendo.

O mundo já não seria mais como hoje eu concebia, as cercas estavam tombadas, os alimentos eram desnecessários, além disso não haviam animais, plantas, homens ou mulheres apenas uma vida com conhecimentos, paz e harmonia.

Os abraços eram ternos e neste momento ri com malícia, mas a boca me repreendeu, recomposto ela me falou da distância que hoje tinha entre a mente e o coração e do amanhã quando apenas a verdade existiria e a sedução estaria abandonada, pela inviabilidade do flerte desonesto, apenas o ideal se apresentava.

Espantado perguntei sobre a motivação para viver. Qual seria se o amor fosse previamente combinado, qual a graça do mundo? Sem o acaso, sem a tragédia de amar sem ser amado, dos amores impossíveis e da loucura que empresta olhos ao amor?

Neste instante a boca riu e esmaeceu no ar, deixando apenas um beijo que desfaleceu lentamente, tal qual a música, que cessando levou minha inspiração. Repousando a caneta reli o que havia escrito e sem sorrir dobrei o papel, apaguei a luz e fui dormir não para descansar, mas para sonhar com este amor que não faria sofrer, apenas elevaria a condição humana a um patamar, que supôs que deveria existir, mas que eu ainda era imaturo para entender...

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