quarta-feira, 28 de julho de 2010

Palavras desconexas 8


Daqui até ali deve ter menos do que daí até o lado de lá. Mas a teimosia é perda de tempo. Devemos começar de novo. Vamos juntos contar, um, dois, três, quatro e cinco. Pronto. Agora está certo?

Quanta sofreguidão e quanto ar. Que loucura e que marasmo. Este barulho e esta quietude. Aquela luz e outra vez a escuridão. O tudo e outra vez o tudo. O nada e depois a curva do decréscimo.

Parta ligeiro e olhe para a direção oposta a qual se dirige. Esqueça a coerência e depois torne a ser prudente. Ria o riso do contentamento. Desgoste de ninguém e abrace alguém. Seja próspero e diligente.

Ouse a subir, esqueça as vozes dissonantes, elas não sabem o que dizem nem para elas próprias. Há quanto tempo existe este som? Acredito que não seja possível determinar nem o início nem o término daquilo que nem se quer se compreende.

Pergunte aos homens abastados e os responda com a sabedoria dos simples. Deguste mais um pouco. Franzir o cenho ou determinar um cardápio não tem nada de tão grande. Haverá sempre algo para fazer, nem que seja lutar pelo sonho, que a de vir sobre todos, para assombrar os que dormem.

Resta nos compreender a sabedoria através da mediocridade. Questione ou deplore. Produza neologismo ou apenas cale-se, curve os ombros, cole a cabeça junto ao peito e saía sem rumo ou destino.

Ouça outros sons, eles não podem ser tão ruins, pense e repense, as coisas poderiam ser piores ou ainda serem mais azedas, daquelas que fazem a sua expressão se contorcer sem saber o porquê isso se faz.

Diga aos sussurros ou aos berros. Seja paciente ou vá ao encontro das confusões. Seja o autor, ator, cúmplice ou simplesmente a testemunha que se escafede na hora de ser chamada para dar seus testemunhos.

Dirija por lugares inóspitos e contemple a beleza dos lugares agradáveis, que assim são mais ao coração do que aos olhos, não seja treinado para conveniência. Rompa com o absoluto, sempre pondere e opte. Ao relativo brindamos agora e entornemos esta caneca imaginária cheia de amor, ódio, alegria, feiura ou de silêncio. Quem se importa?

Alguém morreu ouço ao longe o som do sino. Cubram-se as mulheres. Assumam os homens posições de pesar. Leve o chapéu ao peito e digas que sente, mesmo que nada haja para sentir. Deixe de ser rebelde e cumpra o protocolo.

Ensaie uma poesia e diga a baixinha. Faça uma prece, combine amor com dor, saudade com vaidade, perda com soberba. Antagonize o céu e o inferno. Vá ao encontro dos que choram e com ele derrame lágrimas e após ajudar a descer aquele que não vive mais, à sua eterna morada, vá para uma festa e se embriague da vida.

Na volta, na madrugada fria dos teus dias, quando uma simples folha da árvore te causar espanto, sobressalte e sinta que a chance jamais passou. Ela simplesmente te acompanhou e agora flerta contigo outra vez. Levante-se, o chão é por um momento, agora é hora de seguir viagem.

Suba nesta carruagem e parta outra vez. Sacoleje. Abrace o desconhecido e agradeça os céus. De repente, se aportar em um lugar desagradável não temas. Vire as costas e prossiga. Assobie uma música gospel e sinta-se perto de Deus.

Entoe um mantra. Lembre-se de uma velha canção sertaneja e pense nos teus pais, nos teus irmãos, na antiga namorada e na estrada de terra do sítio da infância. Pense nas pessoas que lhes foram caras e suspire entediado. A volta é penosa e não trará glórias, mas pelo menos haverá menos dor do que a partida para um desprezo sombrio e vil de vilas que nunca lhes serão familiares.

Procure um abrigo. Caía de joelhos, junte as mãos e reze um pai nosso. Medite nestas palavras milenares deixadas pelo messias, que só bondade semeou e que por suas virtudes hoje podemos ter luz nesta estrada escura e traiçoeira chamada destino.

Devagar se deite. As luzes não se apagaram, por isso feche os olhos e sonhe outra vez com o canto dos pássaros, com o banho nos rios, com o futebol no campinho de areia e com amigos que há tempos sumiram na capoeira da vida. Em poucos minutos os sons serão confusos, as imagens meros borrões e a sua consciência vai diminuir, o que se seguir será mero capricho sem importância para o fim da tua pobre jornada.

sábado, 24 de julho de 2010

Confusão Mental

É engraçado e difícil passar sensações para o outro, pois as palavras não possuem a flexibilidade necessária para tal tarefa.

Algo que está quente demais, pode ser apenas morno para o outro. Uma brincadeira aqui pode ser uma grosseria ali. Um oi acolá pode ser entendido como um assédio do lado de lá. Tudo pode ser real, ou não, como adora dizer Caetano Veloso.

Por que o óbvio tem que ser explicado? Quando aparecem conceitos novos eles não serão complicados, mas tão somente novos. É preciso ter paciência.

É engraçado como o homem quer sempre ter paradigmas. Ao que parece, nada pode ser compreendido sem um padrão de comparação? Até onde isso é salutar?

Queremos mente aberta sem os pés saírem do chão, sem complicações. Por que toda ideia que não compreendemos passamos a atacar o seu criador, dizendo que ele é maluco?

A vida é o que se acredita que ela é. O que passar disso é fantasia, devaneio sem base. Estuda-se tanto para apresentar respostas pueris sobre o nada. Que desperdício!

Tudo vai ser bom. É preciso acreditar nisso. A confusão não faz parte, mas se você quiser incluí-la no pacote, que mal tem?

Após um passe de mágica, no final de um abracadabra você aparece e pergunta sobre o que realmente importa. Procure entender, tudo importa. Mas, acredito que não haveria o que se explicar. A água rolou. A força já foi gerada. O investimento valeu, mas agora é preciso mudar para sobreviver.

No momento só o vento brincando entre os carreadores de cana-de-açúcar poderá ser encontrado. A poeira se assentou. O asfalto cobriu a estrada. O céu nublou e depois se desenrolou.

A confusão mental ocorrerá se você quiser entender tudo de uma vez. Utilize o passo-a-passo e logo você começará a sorrir pelo entendimento alcançado. É imprescindível fechar os olhos para enxergar, quietar-se para voar e enfim desprender-se para ficar eternamente preso.

quarta-feira, 21 de julho de 2010

CRIOGENIA


Quantos anos você terá em 2040? A pergunta lhe fará sentido se você quiser se utilizar da criogenia, técnica de congelamento de cadáveres em temperaturas baixíssimas, a fim de posteriormente restituir a vida aos mortos.

Segundo os especialistas mais otimistas da criobiologia, que é um ramo da biologia que estuda o efeito que produz o congelamento das células e tecidos, por volta de 2040, os primeiros mortos retornarão a vida, em verdadeiras ressuscitações.

Logo, se em 2040 você ainda estiver vivo e a técnica da criogenia já estiver funcionando você poderá se utilizar dela com mais certeza da sua eficácia e ser muito mais longevo do que poderia sonhar.

A ideia é fantástica, chega a parecer filmes “hollywoodianos”. Porém, ela não é nova. Desde meados da década de setenta a criogenia vem ganhando adeptos.

A pessoa morre e em vez do corpo ser sepultado ou cremado ele é congelado. Mas, existe todo um ritual para a preservação do cadáver. Assim que a morte foi constatada coloca-se o corpo em uma banheira com água e gelo. Os pulmões e o coração são mantidos funcionando artificialmente.

O passo seguinte é começar a cirurgia, substituem o sangue por uma substância anticongelante. Após a temperatura baixar esta substância se vitrifica. Esse procedimento é feito para que não se forme gelo no cérebro e nos demais órgãos, algo que poderia explodir as células.

Tomados estes cuidados coloca-se o corpo em uma câmara de resfriamento, em uma maca, onde a temperatura começa em zero grau, joga-se nitrogênio líquido no cadáver. O objetivo é que o corpo resfrie por igual. Depois de sete dias o corpo está em uma temperatura de menos cento e noventa e seis graus negativos.

Em seguida mergulha-se o corpo e um tanque, onde ele ficará até a ressurreição. Cada tanque abriga cerca de seis mortos. Armazenam-se junto os cadáveres para que sejam diminuídos os custos da manutenção desta empreitada.

Ah! É possível, ainda, congelar só a cabeça humana ou animais de estimação. Na primeira hipótese enterra-se o corpo ou ele pode ser cremado, mas sem a cabeça, pois está vai ser preservada no “freezer”, quero dizer no tanque de nitrogênio líquido.

A eternidade, dessa maneira, será que ficaria mais fascinante? Morrer seria algo fora de moda? Imaginem os puritanos, os idealistas ou simplesmente os que não gostassem da idéia, seriam autorizados a morrer em paz ou será que seus familiares não iriam permitir?

Bem, por enquanto só temos digressões, a criogenia já existe e a cada dia se aperfeiçoa, vejamos, por exemplo, as técnicas para congelamento de células-tronco e afins.

Por outro lado, nós teremos que nos acostumarmos com a ideia do conceito de eternidade ser alterado, também já vislumbramos problemas com as funerárias e com o INSS.

Quantas novidades ainda teremos neste século? Espero que muitas, o sucesso da ressurreição através da criogenia pode ser ou não uma delas. De repente a técnica é abandonada e nem daqui trinta ou trezentos anos haverá a possibilidade de voltar do mundo dos mortos.

Contudo, não é demais lembrar que outrora o avião, o submarino, o telefone, o computador e a internet também pareciam surreais e hoje em dia já estão, inclusive, banalizados.

sábado, 17 de julho de 2010

Palavras desconexas 7


Cante uma canção que eu não conheça. Fale com uma entonação que nunca ouvi. Escreva um poema que jamais pensei que viria de você. Deixe-me e afaste-se como nunca fizeste. Esqueça as más vontades. Cruze os braços para a pressa e sente-se sob o luar. Divague e parta para sonhos diferentes.

Diga-me o que sentes quando retornares das tuas voltas no entorno de si mesma. Invente uma melodia. Decore algumas frases, algumas piadas. Conte um desejo para um confidente. Esqueça dos paradigmas. Seja espontânea e esteja outra vez leve.

Perdoe mais rápido do que pensaste em condenar. Pergunte ao vento e receba a resposta da luz. Esqueça a coincidência. Entenda que uma inspiração que tiveste jamais será a mesma que terás em outros verões. Releve a falta do saber, pois o importante é usufruir o bem, entendê-lo já é parte do tédio.

Respire fundo quando sentir-se sentado em roda, com os braços dados com pessoas desconhecidas e cujo dialeto lhe é estranho. É questão de voltar a ser criança e aos poucos deixar de fazer cara de dúvida insanável.

O abraço apertado e o beijo demorado trocado só foram importantes pela reciprocidade. Esqueça a escravidão. Ela foi abolida por uma lei do império. E acreditem, muitas pessoas estão livres. Porém, outras tantas se encarceram por si mesmas e hoje se encontram querendo uma carta de alforria, sem darem conta que isso não é preciso. Basta para tanto, arrumar os panos velhos e caminhar em frente. Caso queira poderá dizer adeus sem grande entusiasmo ou com grande verve.

Batuque tambores. Chute pedras, latas e caixas de papelão. Seja comportado. Caminhe sem vacilar. Perto é o dia em que voltaremos a nos ver. E ai, arestas precisaremos dobrar, conformar ou simplesmente extirpar.

Por favor, sem realeza. Tal atitude ajuda incontáveis e embaraçosas cenas de facilidades, antes mesmo de uma união se formar.

Depois de tudo se não tiveres entendido nada, coloque a cabeça para fora da janela e ouça o barulho do vento, que te convida para um novo e mais profícuo dia, onde poderá realizar suas esperanças e encher o peito de alegria.

Mudar a direção sempre vai dar certo, se não for para achar um caminho melhor, será para se complicar mais pouco, mas dizem que no caos se alcança a ordem, então talvez também seja verdade que na bagunça menor existe um propósito

Bem, o meu momento vai chegando, preciso me despedir, ainda existem alguns planetas e outros astros menores para visitar e não posso frustrar quem me espera, mas mesmo que você não saiba e ainda que deteste a ideia, eu preciso confessar que te achei.

Eu te achei em um lugar comum, nada de muito sofisticado. Estavas em uma casa simples, mas limpa. Vestias um vestido bonito, roxo e justo em teu corpo. Quando cheguei mais perto me olhaste sem sorriso e com um pouco de incômodo. Então, decidi passar outra hora.

O teu relógio é um objeto sem serventia, mas o meu é veloz e me impinge limitações. Quando ajustares o tempo e o dia não for de algo e a noite de outra algo talvez possamos contar ou protagonizar histórias mais longas.

Levanto-me e sem olhar para trás te deixo outra vez no banco frio de cimento de minha memória. Parto com passos firmes para o que vem antes do sono, desejo chegar em tempo de poder me alegrar com o espetáculo das coisas simples e que centenas de milhares de vezes já olhei sem dar muita importância. Porém, hoje será diferente, sigo mais compenetrado e meus pés estão mais próximos do chão.

Até já, em qualquer lapso, em qualquer memória, em outro aperto de mão, em outros abraços e em todos os sorrisos verdadeiramente formados.

sexta-feira, 16 de julho de 2010

O Administrador Público e o Trem


Quantas coisas têm um Administrador Público para decidir? Quantas burocracias para vencer e outros tantos assuntos para colocar na pauta do dia e dar prioridade?

É preciso uma organização militar para: não se perder durante as poucas horas que dispõe para ser aconselhado, participar de reuniões, responder gentilmente um oi por email de um político, ler os jornais e assinar os contratos, pedidos e demais documentos que exigem sua anuência.

Com o passar dos dias vemos as necessidades entrarem e saírem de cena, agora, por exemplo, é a vez do trem de alta velocidade, ou o famoso trem-bala, que facilitará principalmente a locomoção das pessoas entre duas grandes capitais brasileiras a de São Paulo e a do Rio de Janeiro.

O transporte ferroviário é um dos mais seguros do mundo, mas hoje não possui tanta flexibilidade graças à falta de investimentos das décadas passadas. O descaso aliado a interesses nem sempre da coletividade, fez com que o Brasil deixasse de lado este transporte, que inclusive é excelente para transportar mercadorias.

No início do século XX houve grande expansão ferroviária, as cidades foram aparecendo e crescendo no entorno das estações ferroviárias. Mas com o abandono paulatino deste meio de transporte as cidades se esvaziaram e grande parte delas hoje são cidadezinhas com lembrança histórica e saudosa de suas ferrovias.

O trem de alta velocidade traz novamente a discussão à baila. Diante de tanto congestionamento de veículos nas cidades grandes, de tantas mortes no trânsito, de tanta poluição produzida pelos veículos automotores, será que o transporte ferroviário não poderia novamente ressurgir?

É preciso dizer que o Brasil, ainda, possui a maior rede ferroviária da America Latina, que ainda há escoamento de algumas mercadorias como é o caso do minério de carvão. Por outro lado, a utilização dos trens, comparado com o potencial que nossa geografia permite, é pífia. Acredito que uma boa vontade política poderá colocar o assunto na ordem do dia.

Quiçá, o trem de alta velocidade, agora na mesa do maior Administrador Público do país, que é o presidente da República, não suscite novos debates sobre o tema. É ano de eleição, que tal perguntar aos candidatos se eles possuem alguma proposta para melhorar o transporte utilizando as velhas e boas ferrovias?





quinta-feira, 15 de julho de 2010

Escola de outros tempos

Tec, tec, tec,
Fazia a máquina de escrever,
Enquanto a menina aprendia,
Tudo o que ela queria era nadar,
Mas a mãe outra coisa pretendia,
Em vez do lazer,
Impunha o dever,
Por uma boa causa agia,
Era na profissão que mirava,
Datilógrafa Aninha seria,
Nem que para isso,
Sua adolescência diminuísse,
Tec, tec, tec,
A máquina zunia,
E Aninha cantarolava,
“Vou agora,
Nem que seja um minuto,
No meu rio entrar,
A água gelada sentir,
Com o peixinho brincar”,
Bééééééééé,
Era o sinal,
Agora a aula tinha acabado,
Datilografia outra vez,
Só na semana que vem.

Quimera


Que bela vista tinha o poeta,
Que tudo podia tocar,
Por mais alto que estivesse,
Ele conseguia enxergar.

Que belo poder ele possuía,
De se abster de qualquer coisa,
Pelo tempo que desejasse,
Ao lado permanecia.

Que situação inusitada lhe fora apresentada,
Com toda aquela imensidão,
Certa manhã ele foi achado,
E foi indagado.

Onde está a sua paz?
Daquele dia em diante ele deixou a serenidade,
Não a encontrou em nenhum canto,
E da noite para o dia perdeu a sua própria verdade.

No final ele se esqueceu da vista,
Perdeu o poder,
E só na pergunta pensava,
A paz, onde estava mesmo?

quarta-feira, 14 de julho de 2010

Uma cena

Clap, clap, clap,
Ei! Ei! Ei!
Alô? Alguém está em casa?
Cansado da espera e ansioso pelo encontro,
Você decide agir,
Entra na garagem,
Tudo está perfeitamente limpo,
Vai até a porta da sala e no terceiro toc, toc, toc,
A porta abre um pouquinho, estava destrancada,
Então você coloca a cabeça dentro da sala,
Tudo está muito quieto,
Sentindo-se um invasor,
Você recua e novamente vai até a calçada,
Decide esperar ali,
Com certeza ela saiu e não vai demorar,
para regressar e te abraçar feliz pela saudades.

sábado, 10 de julho de 2010

Outra vez somos únicos

A água é a essência,
Se assim quiseres postular,
Entretanto, isso não se tornará uma convenção,
Mas utilizaremos no momento,
Por algum tempo navegaremos no teu barco,
O dia se transformou em noite fechada,
As águas estão tranquilas,
O céu, totalmente limpo, apresenta suas estrelas,
A lua está perfeitamente redonda e iluminada,
O mar calmo nos incentiva e continuamos.

Buscamos as essências mais ricas,
Queremos nos embriagar,
Cansar e se misturar,
O riso é fácil e tudo é permitido,
Mas não há convidados neste peixe de aço,
Seguimos eu e você,
O seu pensamento segue perdido,
Mas os seus gestos são eloquentes,
E rapidamente estamos nos reconhecendo,
As palavras são pobres para descrever o que se segue.

Para nos perfumarmos com o toque das flores,
Você toma conta da situação,
E aos poucos os cheiros se misturam,
Somos um e a cada vez mais queremos assim estar,
O ar agradável e salgado do mar dão o tom,
Como músicos experientes acompanhamos a partitura,
Ouvimos sons que não existem no mundo real,
Eles estão em nossas mentes e martelam nossos crânios,
Executamos com maestria os pedidos da alma,
Explodimos e nos reinventamos, somos anjos outra vez.

Com o aroma das especiarias,
Sonhamos, estamos à procura do diferente,
O novo atrai e nos deixa livre para seguir com o velho,
Nem importam muito quais são seus aspectos,
Nem as suas finalidades ou suas propriedades curativas,
Queremos outra vez o silêncio calmo,
Daqueles que não pesam,
Além disso, desejamos uma quietude que acalenta,
Ante ao desconhecido nos aproximamos,
Adormecemos, sonhamos e permanecemos abraçados.

Mas no final do dia precisamos mesmo de água,
Não da salgada, mas da doce,
Carinhosamente nos auxiliamos e logo estamos asseados,
Deixamos de contar as horas,
O tempo não importa,
Registramos nossas impressões,
Conversaremos banalidades,
O rosto expressa alegria,
E a liberdade sentida é imensa,
Estamos a sorrir com gracejos sobre a eternidade.

Aquilo que nos refresca e nos alivia,
É a falta de obstáculos,
O mundo está suspenso nas leis superiores,
Pensamos e concluímos que sempre nos pertencemos,
As madrugadas foram livres pontos de encontros,
O local da alcova é o mesmo desde sempre, os sonhos,
Poderíamos ter passados ao longe,
Mas você estava ali e eu passando te vi,
À hora em que meus olhos teus contornos reconheceu,
Passei a frequentar as tuas lembranças e tudo se sucedeu.

Buscamos a essência das pessoas,
Às vezes encontramos, outras vezes não,
Ansiamos pelo sorriso, pelo abraço e pelo respeito,
Queremos ter orgulho de as conhecermos,
De sermos seus amigos, seus amantes ou seus amores,
Somos exigentes, queremos sempre mais,
Até o dia em que percebemos que às vezes também nos escondemos,
Que a nossa essência nem sempre é demonstrada,
E ai passamos a ser coerentes,
Sorrimos e aceitamos bem menos.

Das pessoas que amamos,
Tiramos nossas razões, condutas e energias,
Sem elas tudo deixaria de fazer sentido,
Ansiamos por elas,
Queremos suas atenções,
Desejamos que o tempo parasse a si próprio,
E que nunca houvesse separação,
Sentimos desgosto quando não somos correspondidos,
E igualmente desamparados,
Quando somos tratados como opção.

Das pessoas que admiramos,
Usamos as coisas que nos levaram a admirá-las,
Como suas teorias, suas frases e os seus sucessos,
Queremos em algum momento sermos iguais a elas,
Sem que isso resulte em algum sentimento nefasto,
Pelo contrário, há quase uma gratidão,
Há desejo de compartilhar algo,
Se a admiração for entre homem e mulher há peculiaridades,
O admirador quer saber muito e o admirado, se quiser, pode falar,
Desde a ida a manicure até os detalhes de uma boa viagem.

Das pessoas que odiamos,
Nada poderá vir de bom,
Por isso transforme o ódio em amor,
Esqueça das palavras ásperas,
Dos motivos ensejadores do ódio,
Que não verdade não corroboram este sentimento venenoso,
Apenas servem para acalmar seu lado bondoso, ante ao perverso,
Seja um propagandista de paz,
Ganhe tempo, e reate os velhos amores,
Ainda que para isso tenha que amar pelos dois.

E as decepções que sentimos buscamos afogar,
No sentido figurado ou literal,
Em copos de cachaça, em igrejas ou nos braços de outros amores,
De maneira legal ou boçal,
Com pensamentos sérios ou tolos,
Os resultados poderão ser parcial ou cabal,
Mas, acredito que seja hediondo afogar,
Prefiro em vez de afogar decepções,
Guardar as lembranças do tempo em que deu certo,
E quem sabe no futuro reatar e outra vez amar o que se amou.

Buscamos algo um no outro,
Que pode ser muito mais plural que você imagina,
Bem ou mal, segue-se a reflexão,
Blindados pela distância e pela falta de convivência diária,
Sem saber endereço, número de telefone e manias,
Ambos sobreviverão sem maiores problemas,
Mas a vida às vezes retira as grades,
Destrói cercas ou divisões e coloca os amantes lado a lado,
E a oportunidade sempre vai testar alguns limites,
Que por vezes são tênues ou que nem existem de verdade.

Sem saber que, sendo um água e o outro a própria essência,
Somos iguais, uma operação matemática de adição, onde a ordem dos fatores nada altera,
Eu te procuro e você me deseja,
Por motivos iguais ou desconhecidos,
Isso são detalhes,
Não precisamos saber os porquês,
Pois a busca destes nos conduziria a insanidade,
Acredito que é bem mais interessante o sorriso ingênuo,
Em vez da expressão distorcida por suposições,
Prefiro flertar com o seu coração, do que a enfrentar a razão da sua mente.

Vamos nos diluir, imergir, ser um só.
Este é o epílogo,
O fechar das cortinas,
O apagar das luzes,
Mas também é o belo,
Pois te conduzo para aonde eu for,
E vou aonde você desejar,
Nada mais importa,
Se sou todo ou parte,
Outra vez somos únicos.

quinta-feira, 8 de julho de 2010

Palavras desconexas 6

A simplicidade do momento é enorme. Ouça a música. Que bela canção! Os sons mais baixos parecem sussurros. Os sons mais altos parecem trovões imponentes que rasgam os céus e nos causam apreensões.

Imagine-se. Sonhe. Recorde-se. Agradeça. Bata palmas. Pratique imobilidade e sinta a brisa. Ouça ao longe o barulho da rua. Divague os seus sentidos. Pense em tudo que houve no mundo. Sinta-se parte de um plano. Sorria. O futuro está chegando e você precisa mudar de roupa.

Que confusão agradável se forma onde há bondade, altruísmo e ânimo. O preço pouco importa. O necessário é não acreditar em certo ou errado. Os dogmas foram feitos exatamente por pessoas que acreditavam que a ordem se alcançaria pela obediência cega, mas e se elas estiverem erradas?

O impossível é temporário. O inevitável é apenas o que se deseja ardentemente. No final de tudo, quando as costas se voltam fica exatamente a vontade de ouvir mais uma vez aquelas palavras tão duras, não por elas, mas pela voz que as entoou. O maior, o menor, o mais ou o menos é só uma convenção. Temos que abraçar sem indagações mínimas de correção e ajuste. Siga os pequenos rios, eles com certeza “caminharam” para lagos, rios maiores, mares e para o nada.

Apaguem-se as velas, as comemorações acabaram de ser proibidas. A reflexão imposta exige silêncio, incensos e muitas preces. Sinta-se alegre e mudo. Neste momento as palavras são sujas, só os atos importam.

À volta para casa será mais tranquila, mas as lembranças perdurarão. O sorriso congelado na face. O desgosto diminuído dia após dia até a velhice, onde as forças abandonam, mas o coração se torna livre para todo o sempre.

A música que você ouve agora traz conformismo, a bandeira ainda esta sendo agitada. O cavalo bem escovado segue trotando feliz e você pensa que chegou o momento. A senhora te recebeu, mais tarde haverá chá e histórias.

O cheiro característico invade a tua memória. Sacudido em tuas lembranças você mergulha em décadas anteriores. Com medo das próprias reações o peito se agita. As pessoas notam a sua ansiedade, lhe indagam se está tudo bem e você sorri sem resposta, com o coração batendo furiosamente em seus ouvidos.

Eis que de repente tudo se resolve. A noite perfeitamente negra, sem luar contrasta com o palácio totalmente iluminado. O jantar será servido e mais uma vez você estará perdido em teus pensamentos.

A serenidade impera, mas os teus hormônios outra vez o traem e te impulsiona para o ridículo. As pessoas outra vez estão te olhando com cara de indagação. A tua fala sem mais nem menos é desprendida e agora soa fácil. A platéia se encanta e empolgado você começa uma recitação.

A alegria é contagiante em crescente êxtase os presentes bebem cada sílaba, cada palavra e você no centro disso tudo não sabe como acabar. Sem nunca ter assistido uma única aula de piano, você vai até ele. Solenemente as pessoas formam uma roda em sua volta e você faz a sua declamação final.

Com a voz embargada pela emoção você conta de maneira singela e simples a história de um adolescente que saindo de sua casa foi para uma luta longe de sua pátria. Vestia uniforme, tinha um fuzil na mão e nada de reflexão na cabeça.

No primeiro dia em solo desconhecido ficou muito doente por conta do frio que fazia, mas não quis faltar à primeira empreitada contra o inimigo e teve o azar de cair em uma armadilha do terreno e lá ficou. A sua participação no combate terminava ali. Sua história não teve outros capítulos, nem mesmo um epílogo, pois não se sabe se ele morreu se foi preso ou se partiu perdendo-se do grupo.

O piano acompanha a narrativa com notas que acompanham a dramaticidade do momento. Porém, antes que a cena tivesse outros atos um senhor de barba branca e uma senhora de cabelos grisalhos vão até o piano e te abraça, você permancece em transe e com os olhos fixos em alguma coisa sem importância. De repente os teus olhos se fecham. A razão não entendeu muito bem tudo que se passara. Calmamente você retorna da "viagem" olha no relógio e percebe que é hora de ir embora. Mudamente se despede com um gesto de cabeça, coloca o grosso casaco e o chapéu. Acende o charuto. Em ato contínuo vira as costas, abre a porta e saí para a madrugada gelada e convidativa de inverno.

O velho, o moço e o mar


Ele todo respeitoso tirou o chapéu da cabeça e incrédulo disse: “Não acredito”. Depois de oitenta anos ele percebeu que havia ganhado uma chance de ouro para realizar um dos seus inúmeros sonhos.

Aquele sobrinho-neto iria levá-lo ao litoral, ele enfim conheceria o mar. Que satisfação! Seu corpo magro, sua pele enegrecida e o seu rosto encovado pela lida diária eram testemunhas de sua debilidade física, que não alcançava sua jovem alma.

O sobrinho-neto levara roupas e outros objetos para aquele senhor, cuja simplicidade era encantadora. O português era errado, mas adequado. A satisfação no olhar... Aquela coisa de criança ante ao desconhecido era espetacular. Partiram em menos de uma hora.

Eles saíram da pequena chácara e logo estavam na pista, o moço e o tio-avô. Era uma parceria interessante. De repente pareciam pai e filho. Mas o pai era o moço e o filho era o idoso.

Na rodovia tudo era motivo de encanto para aquele senhor. Que satisfação deveria estar sentindo! Ele era um católico fervoroso e a frase que ele mais falava após ver coisas que desconhecia era “Virgi Nossa Mãe”. O moço se divertia.

O destino era o litoral Norte, a viagem seria um pouco mais longa, mas conversa não faltaria, pois aquele homem de oito décadas e dois anos possuía histórias de quilômetros. Ele contava o que tinha acontecido e o moço sentia o cheiro, via as cores e sentia o clima do passado.

O senhor era só agradecimento. Passado um tempo ele começou a contar a história da mãe, que falecera nos seus braços. O moço teve que se segurar para não chorar. Ele falava com tanto amor da velhinha, que ainda morrera quando ele era jovem, que o moço entrou na história. Logo ele parou em um restaurante e a emoção deu um tempo.

Fizeram uma refeição leve. No retorno a estrada o senhorzinho dormiu e o moço ligou o rádio. Escutando Enya prosseguiu a vigem. Na hora de descer a serra ele acordou o idoso, que mais uma vez parecia uma criança, deslumbrado, eufórico e reticente.

O idoso sorriu quando disse ao moço que estava mais surdo do que nunca. Abriu a boca e viu que melhorava. Então pediu licença ao moço e começou a falar versos de cururu, algo que ele fizera muito quando era moço. Em tom poético falou sobre tudo o que via.

Logo chegaram à avenida principal. Antes de irem para a casa de veraneio o moço parou para pisarem na areia da praia. Era grande a ansiedade daquele senhor para fazer um gesto simples, mas que todos nós gostamos de fazer.

O senhor que não usava nem um apoio e que tinha um andar firme, pediu o braço do sobrinho-neto. Ao que pareceu sentiu medo. Caminharam juntos pela areia. Ainda era cedo, mas já tinha bastante atividade na areia.

O ancião comentou baixinho com o moço sobre as roupas das moças e perguntou se era normal elas andarem de calcinha e sutiã. O moço riu e explicou que eram biquínis. Foram até chegar à água.

Ali eles molharam os pés. A água gelada deu “boas vindas”, o senhor deu um gritinho infantil de felicidade e disse “Meu Deus eu não mereço tanto”. Mais uma vez o moço teve que reprimir a emoção que ameaçava o trair novamente.

Na volta até o carro, com promessas do jovem que só iriam até a casa e já retornariam, com direito a porções, sucos e sorvetes o senhor viu uma concha e perguntou o que era aquilo, o sobrinho-neto explicou e o senhor perguntou se poderia levar de recordação o moço abaixou e a pegou para o “vôzinho” que sorrindo abraçou o objeto. Era uma criança de novo.

Eles ficaram três dias na praia, uma sexta, um sábado e um domingo. Foi um final de semana maravilhoso tanto para o moço como para o idoso. A gratidão daquele senhor ensinou muito para aquele jovem, que já possuía o coração bondoso.

O trem da interpretação


Gostei de perguntar em versos,
Porque em prosa não haveria retórica,
Sorrio e me questiono,
Lançaste-me biscoitos e espera que eu os pegue?
Ah! Tudo bem faço o teu jogo,
Aceito as tuas regras,
Tudo é fácil quando se trata da ludicidade,
Quando o jogo virar talvez não haja vencedor,
Quiça, somente um até breve,
Um abraço e um beijo de leve na face.

De ouvir as respostas de um poeta,
Desvelou-se uma poetisa,
Que sempre sonhou com o mundo das palavras,
Mundo azul, onde quase nada é proibido,
As mesmas que podem ser ferinas,
Podem ser suaves e convidativas,
As mesmas que causam a guerra,
Também selam a paz,
Podem causar tanto o amor,
Quanto à dor, sobretudo o terror.

Com resposta para cada pergunta discreta,
Avança-se sobre um mundo de descoberta,
A indagação nem sempre estará no final da frase,
Mas isso não é relevante, o importante é ter atenção,
Daquelas pessoas que mais se deseja ter,
Não com a aflição dos apaixonados,
Nem com o delírio dos loucos,
Mas com a calma de uma Lama instruído,
Que deixou de acreditar no descompasso,
Para viver a plenitude da liberdade.

Diluída em um “por favor”,
Encontra-se a grandeza d’alma,
Que longe de ser objetiva,
Prefere o inaudito,
O perfume que a embriagou,
O corpo que a abraçou,
Os lábios que a tocou,
Essa palavrinha mágica, por favor,
Abre a possibilidade de pedir,
Enfim, de alcançar.

Quer viajar em textos?
Pegue seu lápis e um papel, pode ser de rascunho,
Ditarei frases e partindo delas conte-me seus sonhos,
A cada palavra uma possibilidade,
Um sorriso por ter achado bonito o caminho,
Quer uma dica?
Escreva entre um suspiro e outro,
Como se soubesse tudo o que se está a escrever,
Esqueça que é uma viagem sem sair do lugar,
Curta a paisagem, olhe como daqui a vista é linda!

Quer namorar com palavras?
Tudo bem, namore,
Mas não se empolgue,
Não vale beijar o papel,
Nem levá-lo no bolso da calça,
Pois ele poderá acabar na máquina de lavar,
Imagine! Que triste fim,
Agora sentir saudades pode,
Dormir pensando em uma frase também,
Creio que você dormiria mais feliz.

Quer sonhar com dizeres?
Quer materializá-los durante a madrugada?
Sem abrir os olhos, observar os detalhes?
Tocar em um corpo, que só conhece de palavras?
Beijar sorrindo?
Ouvir o som de uma voz há tempos silenciada?
A imaginação voa e você vai junto,
Pela manhã, os sonhos são borrões,
Não importa, pois a noite continuaremos a sonhar,
Não só com dizeres, mas também com pessoas.

Entre no trem da interpretação,
Ele já está partindo,
Veja o motorista ajustando o cinto de segurança,
Olhe o guia testando o som com o famoso alô, alô,
Neste trem só duas pessoas de fato viajam,
Querida, ele é nosso,
Estamos a sós para conhecer esta faixa imaginária,
Olho em teus olhos e você desvia o olhar,
O trem partiu, seguimos rumo ao desconhecido,
Ele só irá parar quando você quiser.

Então eu descerei e te ajudarei a fazer o mesmo,
Estaremos em um bosque,
Em uma cidadezinha perdida no meio do nada,
Lá tudo será bonito,
E a cada sorriso seu o céu irá ter uma cor diferente,
Depois de percorrer o local,
Descansaremos em uma cachoeira,
Onde o som das águas será música para os nossos ouvidos,
Fecharemos os nossos olhos,
E adormeceremos outra vez para o mundo dos sonhos.

quarta-feira, 7 de julho de 2010

ACEITAÇÃO OU CONFUSÃO?

Tento entender seu sim que quer dizer não,
Penso e adormeço sem uma direção,
Acordo, imagino que foi um sonho,
Mas você é real e a tua “presença” me invade,
Mesmo à distância digo um oi,
Checo e percebo que está tudo bem,
As coisas estão nos seus devidos lugares,
Nada pode atentar contra a normalidade,
Sigo sorrindo e se incomodo é sem intenção,
Por isso contínuo, mas se precisar peço perdão.

Seu “não quero” que me procura,
Me instiga e eu prossigo,
Se no caminho houver chuva me abrigarei nas tuas lembranças,
Caso o vento me açoite, aceitarei, você poderá ser a recompensa,
Ainda que nunca seja,
Tudo bem, a minha companhia será uma velha canção,
Pelo menos eu agora sei a direção,
Lembre-se que não há truque,
E as cartas estão no ar,
Na bagagem há sonho, sem loucuras.

Sua razão tão obscura,
Se tornará límpida como dia sem nuvem,
A simplicidade te envolverá e você se acalmará,
Aos poucos a ansiedade vai sumindo,
E você curtirá o passeio,
Ninguém te cobrou um vintém,
Aceite o convite,
Logo estarás de volta,
E as lembranças serão bonitas,
E elas valerão para a vida inteira.

Tento entender em sua profissão uma razão,
Que de tão simples não enxergo,
Divago e dou voltas em torno de mim,
Sou um cachorro a caçar o próprio rabo,
A tarefa é árdua,
Mas se você abrir os olhos tudo será fácil,
Os anjos tocaram de leve teus lábios,
O doce que deles emana é para sempre,
Pela vida toda lembrarei-me que foi bom,
Esqueça quaisquer contradição, escute o silêncio.

Para buscar em mim um ideal de postura,
Que jamais será possível,
Pois o ideal é utópico e serve apenas para um suspiro,
O que faremos com as asas depois de voar?
E quando os olhos buscar o chão e varrer a parede?
Não se trata de um jogo apenas de carinho,
Se for difícil aceitar devolva que o guardarei outra vez,
Esqueça paradigmas, estereótipos e afins,
De repente surgiu algo novo,
Seja simples, interiorana, boa e “matuta”.

Ter me como um símbolo de candura,
Seria possível, mas longe de ser desejável,
É preciso ter consistência para o encanto,
A pureza serve para outros coisas,
Nesta arena basta a pele e a desinibição,
Que nunca lhe pedi,
Mas que não lhe negaria em outras ruas,
Que seriam iluminadas, ofuscadas,
Com o teu sorriso tímido e convidativo,
Negue ou aceite, não me importa.

Em toda negação ou afirmação,
Há erros de conceitos,
Cálculos mal elaborados,
Distâncias ou proximidade,
Que importa? Se não importar?
Por que discordar, se não há problema?
Essas coisas só afastam a nobreza dos sentimentos,
O calor arrefece por si só,
Mas ainda há brasa,
O fogo crepitará se houver uma pequena aragem?

É um pedido de perdão?
Não, nunca se tratará disso,
Seria ridícula uma hipótese dessas,
Prefiro falar em saudades,
De ternura, de respeito e de admiração,
Mas você é livre para fazer juízos,
Embora queria que ficasse aqui,
Que senta-se ao meu lado,
A fim de me contar outra vez a sua história,
Porque de tudo o que mais importa é ouvir sua voz.

Cabe-me entender, então?
Não. Não há nada para dissecar,
Esqueça essa ideia,
Não há taxidermia,
Nem mensagens subliminares,
É simples, como o vento que não vemos, mas sentimos,
A imperfeição é bela,
O tempo esculpe esculturas,
E nós histórias,
Todas elas, esculturas e histórias, são belíssimas.

Apenas inspiração?
Quer mais? A inspiração é a alma.
É o âmago. É tudo.
Eu não seria leviano,
Não há brincadeira no que digo,
Deixe rolar os encaixes, como as pedras eles se vão,
Como as ondas eles retornam,
Um dia tudo se ajeita,
Ficam sonhos, desejos e a esperança.
Todos estes jamais perturbam, apenas dormem sem preocupações.

Se tudo é confusão estique o papel,
Não tenha medo do amanhã,
Você não está recebendo balas de um desconhecido,
Eu apenas retorno de uma longa viagem,
A oportunidade trouxe a sorte,
Que nada exige,
Apenas seria de bom tom lhe dar abrigo,
Tal qual faríamos se ela estivesse na chuva,
Ademais, tudo aquilo que combina com coração,
Um dia foi confusão e depois aceitação.
.

domingo, 4 de julho de 2010

Ele e a prima Maria


Ele dormia.
No sonho tudo acontecia.
Ele queria entender, mas não conseguia.
Na fantasia ele padecia.
A noite estava fria.
Ele caminhava por uma rua que ele desconhecia.
Ali só estava quem uma porteira maluca permitia.
E nada era democrático, imperava a tirania.
Uma velha o abordou e algo lhe pedia.
Mas a sua língua ele não entendia.
Ela não era brasileira, era judia.
E com o enorme nariz mexia.
Alguém chegou, ajudou-a e agora ela ria.
A noite foi e chegou o dia.
Ele no sonho permanecia.
A confusão prosseguia.
Como um cão lhe puseram uma guia.
Ele continuava a dormir, mas tudo sentia.
Na hora da fome lhe deram melancia.
De repente ele acordou com uma gritaria.
Acabaram de chegar à sua casa a prima e a tia.
Era o fim do sonho cheio de folia.
Ele acabara de ver a prima Maria.
Que alegria!
Levantou-se e foi lhe dar bom dia.
Lá estava ela, linda, encostada na pia.
Conversou um pouco e quando saiu ela sorria.
Foi embora achando que de algo ele não sabia.
Tudo bem para abraçá-la outra vez tudo valia.
O dia passou e por ela ele tudo fazia.
No ar estava a magia.
As palavras, ele nos lábios dela bebia.
Era de grande qualidade a mercadoria.
Que no final ela trazia.
Algo que ele perseguia.
Era a sua grande inteligência.
Que agora ela lhe concedia.
Quanta fantasia!
Tinha ele naquele mente vazia.
Cheia de porcaria.
Mas, agora tudo mudaria.
Porque ele com ela se pareceria!
Tendo, portanto, também a sua sabedoria.

Obra do Amor


Conversaram por horas. Estavam próximos como eles nunca estiveram. Os rostos não estavam colados. As mão não se tocavam. As vozes não se ouviam. Eles apenas se imaginavam. O tempo verbal empregado era sempre o do passado, mas eles estavam no presente.

O sorriso fácil era sentido. As perguntas feitas eram vômitos, de situações que o estômago se recusou em digerir. As respostas foram sinceras. O convencimento não estava em xeque, mas tão somente em apreciação natural.

A felicidade pelo momento era grande. Um diálogo quase que inacreditável. Durante quase três horas foram arrostados por cenas, histórias, acontecimentos, posturas adotadas, que nem sequer estavam pensando em desvelar.

Era pedir demais que se afastassem por mais um minuto. Era impróprio diagnosticar uma doença em um defunto que morreu de várias. Não haviam sintomas. Sobrava ânsia para manter em um nível aceitável a linha de raciocínio, que era a todo momento quebrada pela dificuldade do meio utilizado para a aproximação.

Era mais ou menos como pintar um quadro de um modelo ausente. Os detalhes estavam ressentidos. Entretanto, a satisfação era evidente, ainda que uma ponta de mágoa ainda despontasse depois de tanto tempo. O vento passou, mas deixou impressões severas naquele solo tão conhecido de ambos, o coração.

A morte por ela reclamada em tom de brincadeira não era desejo dele, mas o que fazer com a tentativa simples de convencimento de uma mente tão desejada? Ligados pelos fios. Ligados pelo invisível. Centenas de quilômetros os mantinham em segurança.

Os trajes não importavam. O trabalho a ser feito poderia esperar. A sobriedade demonstrada era menor do que a desejada. A cena era pitoresca. A história poderia ser escrita, mas ela não via necessidade de registro. Preferiu fingir desinteresse e carimbar como insignificante.

A trilha sonora estava rodando, Madonna cantava em companhia de Antônio Bandeiras. Mas tudo precisava ser deixado de lado por um momento, a noite os abraçava e com beijos soprados se despediram.

O abraço há tempos pedido não foi dado. Um beijo real não foi trocado. Mas eles já estavam felizes, haviam se encontrado, ainda que tudo levasse a crer que nunca estiveram distantes, pois no coração de cada um daquele dois amantes haviam habitações recíprocas.

Com certeza, quando os brinquedos ficaram espalhados pelo quintal, o carinho e o bom senso haviam recolhido tudo e colocado em uma caixa. A caixa depois foi devidamente alojada em um cantinho do coração e foi catalogada como OBRA DO AMOR.

Desligaram juntos. Cada qual foi tomar banho em seu cantinho. Era mais um episódio que se assentava em seus corações. A música foi sumindo, alguém diminuía o volume do som, até ficar inaudível. O silêncio outra vez estava soberano.

sábado, 3 de julho de 2010

Palavras desconexas 5


Leia. Releia. Critique. Sorria em frente ao computador. Pragueje. Seja sóbrio e aceite que tudo é hilário exatamente porque não tem graça. O que tira o mérito da contradição não é a glória do acerto, mas justamente a capacidade de não enxergarmos o lado bom de todo desencontro.

Nos maiores absurdo há uma lógica. Das maiores impropriedades é que saem os maiores gênios. Talvez tudo seja exatamente como o universo, que se apresenta lógico, sóbrio, enorme, misterioso, indecifrável, instigante e totalmente solto de qualquer eixo.

Os lugares mais altos possuem a falsa sensação de liberdade e de integração com o todo, mas não se esqueça que a porta talvez esteja mais embaixo. Acostume os seus olhos, pois a escuridão tem o mesmo efeito da luz intensa. Tudo é uma questão de sorrir e acenar. Tudo é bom, excelente e com um porquê, se não entendemos agora é que estamos em falta com o exame de consciência.

A capacidade de articulação da parte em relação ao todo é que traz graça ao conjunto da obra. A obra somente é bela pelos detalhes. E os detalhes só são valorizados pela capacidade de materialização do que antes só estava na mente.

A validade de tudo é para sempre se entendermos que tudo que é fugaz demorou muito tempo para ser por um tempo. A medida do tempo é o maior equívoco. Caso um dia o homem olhe para a sua pobre condição de habitante de um lugar, em que está por um planejamento meticulosamente feito, desenhado e autorizado, sentiria uma indagação que o levaria a dar gargalhadas histéricas.

Quando tudo fizer sentido é que realmente achaste a saída do primeiro bloco e retornaste as zonas anteriores deste grande castelo chamado descanso metal. Qualquer problema ganharia e perderia se fosse contada a verdade para os envolvidos.

Ouso a dizer que a vida é um jogo, onde todo homem é café-com leite, ele está à margem, mas brinca como se fosse o principal personagem da atividade lúdica. Quanta pretensão!

Descanse pois logo voltaremos aos abrigos seguros dos colos de nossas mães. Tal como crianças cansadas adormeceremos com a boca aberta sorrindo para o imaginário, pois sonhos de grandeza, de aventura virão povoar nos cérebros sub-desenvolvidos

Quanta graça haverá no momento em que dizermos com os braço largados, com os ombros caídos e com a cabeça balançando negativamente: então era assim?

O paraíso está logo ali, mas não conte para ninguém, pois poderá estragar o esconderijo de alguém, que esteja encolhido reprimindo risos e torcendo para ludibriar quem o está procurando.

As mentes fechadas, seguem os olhos, o corpo está adormecido, mas o rebuliço que por ai se aproxima talvez desperte o mais encantado dos encantados.

É hora de se levantar, uma música suave toca e indica que você acaba de ser chamado para voltar a arena, a brincadeira continuará e sem você ela não terá graça. Portanto, por favor se apresse. Já estão te chamando. Ouça! Parece que haverá outra vez comidas, corridas e procura por tesouros. Que delícia....

sexta-feira, 2 de julho de 2010

Morada das flores

O velho caminhou mais um pouco e se sentou. Ao que parecia o último esforço que havia feito tinha extenuado o pouco ânimo que lhe restara.

Com o olhar choroso, com a voz baixa e o corpo trêmulo ele fez a última tentativa com aquele jovem que se curvou sobre ele e lhe indagou sobre sua saúde e se ele estava bem.

Ele apressou-se a dizer que se chamava Eliziardo Pereira da Silva, que era agente funerário desde menino, que trabalhava com arrumação dos corpos que tinham passado desta vida para outra. Explicou, quase que didaticamente, sobre o começo da década de sessenta, sobre como os corpos eram lavados em grandes tinas.

Nesta época ele era operador de esguicho, pois o seu colega de trabalho sendo mais forte e mais velho segurava o morto e ele mandava água naquele ser prestes a retornar para a terra. Nas palavras dele, o bom do serviço é que ninguém reclamava da qualidade da limpeza, ninguém conferia e só queria livrar-se do fardo de enterrar o “presunto”.

Depois vieram as técnicas de tratamento de cadáveres e ele se aperfeiçoou em cada uma. Ele se tornou um excelente profissional, tanto que passou a ser “professor”. A sua sala de aula era no necrotério. As aulas eram teóricas e práticas ao mesmo tempo. Os alunos, ele confessou, no início já eram poucos e com o tempo sumiram. Segundo o velho agente, eles deveriam ter cursos mais interessantes para fazerem.

O idoso agente funerário afirmou que jamais teve medo de mortos. Ele encarava com naturalidade a grande justiça da vida. Ainda, outrora, rira gostosamente dos medos alheios, mas o episódio que lhe sucederá há pouco o colocou em pânico absoluto e o fez até mesmo chegar ao limite do juízo.

Contou o pobre senhor que pela manhã havia chegado dois corpos de ladrões, que morreram durante um roubo, que foi frustrado pela Polícia. Os ladrões eram iniciantes na prática de tomar o que era dos outros, bem como eram jovens e pertenciam a famílias abastadas. As mortes foram profundamente lamentadas na cidade e os pais dos defuntos pagaram uma boa soma para deixar aqueles meninos larápios com boa aparência no caixão.

Os corpos estavam com os rostos machucados, inclusive os ferimentos que causaram lhes a derrocada e o ingresso para o mundo dos mortos haviam sido feitos nas suas joviais faces.

O velho agente funerário começou a passar acetona no rosto de um, enquanto a máscara de látex do outro secava. Ele cantarolava baixo e nem pensava na triste cena que tinha em sua mesa de trabalho. Eis que ai o inesperado aconteceu.

Quando ele foi até o armário para buscar uma base mais consistente para colocar nos furos mais severos ele teve uma intuição estranha, em quase cinqüenta anos de profissão nunca tivera o sentimento do medo, mas agora neste momento isso aconteceu e ele sentiu medo. Um medo paralisante e em razão deste não conseguiu olhar para trás. Apenas saiu correndo deixando tudo como estava.

O Necrotério onde ele estava ficava em um cemitério, no fundo de uma rua de terra. Então, ele passou correndo pelo caminho, que era ladeado por túmulos velhos, novos, uns com flores e outros sem, buscava desesperadamente o portão de entrada. Chegando à rua o silêncio era pesado e ele não hesitou em continuar correndo até achar alguém que lhe pudesse prestar alguma ajuda.

Mas o impensável compareceu, o inexplicável se apresentou e mesmo ele não querendo acreditar nas imagens que via sucumbiu ao incontestável. O absurdo estava de fato neste instante triste da sua vida, que na sua mente era a de um pacato agente funerário.

Os dois corpos que até pouco tempo ele arrumava passaram correndo na sua frente, vestiam uniformes de coveiro, que com certeza haviam pegado no cemitério. Logo ali na esquina furtaram um carro que estava parado. Pegaram aquele veículo e zarparam.

O jovem que até agora ouvia atentamente a história do agente funerário em pleno surto, sentiu pena daquele senhor que deveria ter perto dos setenta anos. E de supetão o abraçou ternamente.

O moço colocou o velho delirante em um táxi que por ali passava e o acompanhou até o hospital mais próximo. Lá o velho chegou dormindo. Como era uma emergência ao chegar naquela unidade de saúde já trouxeram a maca. O jovem procurou no bolso do velho algum documento para fazer a ficha cadastral. Qual foi o seu susto, quando se deparou com uma certidão de casamento e com um atestado de óbito, os dois documentos estavam dobrados em quatro partes.

A certidão de casamento afirmava que no ano de 1925, no dia 10 de agosto Eliziardo Pereira da Silva casou-se Maura Conceição da Cruz.

O maior susto e a maios surpresa foi às informações do atestado de óbito, que era datado de 10 de agosto de 1950 e constava neste o nome de Eliziardo Pereira da Silva, que nos termos do atestado morrera de falência múltipla de órgãos.

O enfermeiro ao tentar achar a pressão arterial do velho constatou que não havia atividade naquele corpo. Aquele senhor estava morto.

O jovem sentiu-se desamparado e não compreendeu o que acabará de se passar. Ele pegou suas coisas e foi embora do hospital. Ele nem ficaria sabendo, mas a enfermeira chefe teria um grande problema algumas horas mais tarde, quando a funerária de plantão viesse a buscar o corpo do suposto óbito, pois o corpo misteriosamente havia sumido.

As pessoas que estavam trabalhando naquele dia jamais se esqueceriam do ocorrido. Após algum tempo a história começou a ser contada como lenda, mas de tempo em tempo, naquele hospital ouvia-se relatos parecidos. Até que um dia a Secretaria de Saúde Municipal resolveu fechar aquele local. Anos mais tarde o prédio seria demolido e algumas décadas depois seria uma praça pública, que ganharia o nome de Morada das flores.

Adeus África!

Despedimo-nos do berço da civilização. Estamos voltando para casa. O sentimento do Brasil é de desolação. Nós ganhamos quatro jogos, fomos derrotados em um, fizemos gols, mas não adiantou perdemos o título. No rosto de cada jogador a dor da perda da “cereja de suas carreiras”, a grande copa do mundo.

Fomos patriotas, pintamos ruas, enfeitamos as fachadas de nossas casas. Ficamos horas na frente da televisão para assistirmos aos jogos. Saímos mais cedo dos nossos trabalhos. Compramos vuvuzelas, apitos, camisas da seleção, pipocas, fantasias, faixas, pintamos o rosto etc.

Reunimo-nos com nossos amigos, fizemos churrasco, ficamos em bares bebendo. Acabamos nos envolvendo em acidentes na pressa de chegar em casa. Arrumamos confusões. Sonhamos.

O “anão” ficou triste e agora vai ficar mais arredio. A imprensa não o compreendeu e ele não compreendeu a impressa. Foram um para o outro como são os casais que se separam e brigam pela guarda do filho. Ficaram mágoas pelas traições, pelas ofensas proferidas em momentos de discussão, a reconciliação é demais para a cabeça de ambos, pois os dois acreditam que estão certos.

A volta para casa vai ser reflexiva. Os milionários jogadores deixaram de ganhar um título que coroaria qualquer carreira profissional. A copa do mundo é valorizada, mas conforme-se e acredite, ela vale pouco. Fora a oportunidade que a África teve de ser o centro das atenções e das ajudas que recebeu, a copa de 2010 foi burocrática e muito mais comercial e chata do que qualquer outra já realizada.

Para todos que torceram, a favor ou contra meus sinceros cumprimentos. Agora vamos voltar ao trabalho. Acabaram as jornadas estendidas para compensar as dispensas. A copa ainda suspira, podemos ainda torcer contra uma ou outra seleção. Bem, não importa. Ganhe quem ganhar, estaremos longe e será apenas mais uma notícia entre tantas outras do nosso cotidiano. O dia 11 de julho não mais será tão importante.

Ao Dunga, minhas homenagens, você é autentico. Aos jogadores, vocês bem sabem que são bons, mas para serem os melhores é preciso não vacilar. E vocês vacilaram, poderiam ter feito mais gols no primeiro tempo. Vocês ganhavam da Holanda e deixaram o jogo fugir do controle. Tudo bem (respiro fundo) não vamos mais falar deste assunto. Inês está morta.

Outra geração virá, alguns do atuais jogadores na próxima copa poderão ser comentaristas, simples torcedores, auxiliares técnicos, embaixadores etc. Alguns resistirão e integrarão a nova seleção. Pode ser que dê certo.

A vida seguirá. Até 2014 vamos continuar imbatíveis no quesito número de copas vencidas. Talvez venhamos a ser ultrapassados no ranking da FIFA, mas isso não quer dizer muito, ainda mais se a seleção da Argentina ficar campeã e o Maradona cumprir a sua promessa de desfilar pelado. Que desastre!

Algum jogador brasileiro, talvez no momento do embarque para casa olhe com cara de choro para o horizonte africano e diga: “Bem povo da Africa, parto com vontade de ficar mais uma semana e meia. Mas é a regra. É a vida. Tenho que ir. Arrumo as malas devagar. Voltarei ao convívio dos meus. Volto para a rotina do dia-a-dia e dos meus jogos nos finais de semana.

Que desânimo! Eu que sonhava em voltar coroado de ouro, volto cheio de explicações e com nenhum objeto de lembrança para os meus familiares, pois o Dunga não deixou a gente sair. Pensei que iria ver os leões. Entretanto não vi. Vim para a África e nem pude brincar. Apenas me deixaram tocar um pandeiro no ônibus e na concentração. Tudo bem. Valeu pela oportunidade e pelo retiro. Adeus”.

É isso. Até a copa 2014. Se Deus assim permitir. O legal é que não precisaremos jogar as eliminatórias, pois somos o país da sede. Um sofrimento a menos. De agora em diante vamos aos pouco voltando do estado de transe. Estamos de volta ao chão. Contas a pagar e propaganda política. A coisa ainda vai melhorar é só esperar.

Desculpe-me a intromissão, mas falta quantos dias mesmo para as Olimpíadas? Vai Brasil!!!!!!

Qual é o teu nome?


Oi bela desconhecida.
Eu te devoro com olhos.
Mas você não devolve o olhar.
Começo o delírio.

O teu beijo me acalmaria.
O teu abraço me confortaria.
A tua suave voz me daria paz.
Os teus passos me ensinariam.

A tua liberdade me encanta.
O teu sorriso me cativa.
A tua beleza me seduz.
O teu rosto me fascina.

Eu desconheço onde te encontrar.
A possibilidade de te ver outra vez é mínima.
Mas, sei que assim mesmo te guardarei,
Se não for na memória, será nestes versos.