quinta-feira, 8 de julho de 2010

O trem da interpretação


Gostei de perguntar em versos,
Porque em prosa não haveria retórica,
Sorrio e me questiono,
Lançaste-me biscoitos e espera que eu os pegue?
Ah! Tudo bem faço o teu jogo,
Aceito as tuas regras,
Tudo é fácil quando se trata da ludicidade,
Quando o jogo virar talvez não haja vencedor,
Quiça, somente um até breve,
Um abraço e um beijo de leve na face.

De ouvir as respostas de um poeta,
Desvelou-se uma poetisa,
Que sempre sonhou com o mundo das palavras,
Mundo azul, onde quase nada é proibido,
As mesmas que podem ser ferinas,
Podem ser suaves e convidativas,
As mesmas que causam a guerra,
Também selam a paz,
Podem causar tanto o amor,
Quanto à dor, sobretudo o terror.

Com resposta para cada pergunta discreta,
Avança-se sobre um mundo de descoberta,
A indagação nem sempre estará no final da frase,
Mas isso não é relevante, o importante é ter atenção,
Daquelas pessoas que mais se deseja ter,
Não com a aflição dos apaixonados,
Nem com o delírio dos loucos,
Mas com a calma de uma Lama instruído,
Que deixou de acreditar no descompasso,
Para viver a plenitude da liberdade.

Diluída em um “por favor”,
Encontra-se a grandeza d’alma,
Que longe de ser objetiva,
Prefere o inaudito,
O perfume que a embriagou,
O corpo que a abraçou,
Os lábios que a tocou,
Essa palavrinha mágica, por favor,
Abre a possibilidade de pedir,
Enfim, de alcançar.

Quer viajar em textos?
Pegue seu lápis e um papel, pode ser de rascunho,
Ditarei frases e partindo delas conte-me seus sonhos,
A cada palavra uma possibilidade,
Um sorriso por ter achado bonito o caminho,
Quer uma dica?
Escreva entre um suspiro e outro,
Como se soubesse tudo o que se está a escrever,
Esqueça que é uma viagem sem sair do lugar,
Curta a paisagem, olhe como daqui a vista é linda!

Quer namorar com palavras?
Tudo bem, namore,
Mas não se empolgue,
Não vale beijar o papel,
Nem levá-lo no bolso da calça,
Pois ele poderá acabar na máquina de lavar,
Imagine! Que triste fim,
Agora sentir saudades pode,
Dormir pensando em uma frase também,
Creio que você dormiria mais feliz.

Quer sonhar com dizeres?
Quer materializá-los durante a madrugada?
Sem abrir os olhos, observar os detalhes?
Tocar em um corpo, que só conhece de palavras?
Beijar sorrindo?
Ouvir o som de uma voz há tempos silenciada?
A imaginação voa e você vai junto,
Pela manhã, os sonhos são borrões,
Não importa, pois a noite continuaremos a sonhar,
Não só com dizeres, mas também com pessoas.

Entre no trem da interpretação,
Ele já está partindo,
Veja o motorista ajustando o cinto de segurança,
Olhe o guia testando o som com o famoso alô, alô,
Neste trem só duas pessoas de fato viajam,
Querida, ele é nosso,
Estamos a sós para conhecer esta faixa imaginária,
Olho em teus olhos e você desvia o olhar,
O trem partiu, seguimos rumo ao desconhecido,
Ele só irá parar quando você quiser.

Então eu descerei e te ajudarei a fazer o mesmo,
Estaremos em um bosque,
Em uma cidadezinha perdida no meio do nada,
Lá tudo será bonito,
E a cada sorriso seu o céu irá ter uma cor diferente,
Depois de percorrer o local,
Descansaremos em uma cachoeira,
Onde o som das águas será música para os nossos ouvidos,
Fecharemos os nossos olhos,
E adormeceremos outra vez para o mundo dos sonhos.

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