sexta-feira, 2 de julho de 2010

Adeus África!

Despedimo-nos do berço da civilização. Estamos voltando para casa. O sentimento do Brasil é de desolação. Nós ganhamos quatro jogos, fomos derrotados em um, fizemos gols, mas não adiantou perdemos o título. No rosto de cada jogador a dor da perda da “cereja de suas carreiras”, a grande copa do mundo.

Fomos patriotas, pintamos ruas, enfeitamos as fachadas de nossas casas. Ficamos horas na frente da televisão para assistirmos aos jogos. Saímos mais cedo dos nossos trabalhos. Compramos vuvuzelas, apitos, camisas da seleção, pipocas, fantasias, faixas, pintamos o rosto etc.

Reunimo-nos com nossos amigos, fizemos churrasco, ficamos em bares bebendo. Acabamos nos envolvendo em acidentes na pressa de chegar em casa. Arrumamos confusões. Sonhamos.

O “anão” ficou triste e agora vai ficar mais arredio. A imprensa não o compreendeu e ele não compreendeu a impressa. Foram um para o outro como são os casais que se separam e brigam pela guarda do filho. Ficaram mágoas pelas traições, pelas ofensas proferidas em momentos de discussão, a reconciliação é demais para a cabeça de ambos, pois os dois acreditam que estão certos.

A volta para casa vai ser reflexiva. Os milionários jogadores deixaram de ganhar um título que coroaria qualquer carreira profissional. A copa do mundo é valorizada, mas conforme-se e acredite, ela vale pouco. Fora a oportunidade que a África teve de ser o centro das atenções e das ajudas que recebeu, a copa de 2010 foi burocrática e muito mais comercial e chata do que qualquer outra já realizada.

Para todos que torceram, a favor ou contra meus sinceros cumprimentos. Agora vamos voltar ao trabalho. Acabaram as jornadas estendidas para compensar as dispensas. A copa ainda suspira, podemos ainda torcer contra uma ou outra seleção. Bem, não importa. Ganhe quem ganhar, estaremos longe e será apenas mais uma notícia entre tantas outras do nosso cotidiano. O dia 11 de julho não mais será tão importante.

Ao Dunga, minhas homenagens, você é autentico. Aos jogadores, vocês bem sabem que são bons, mas para serem os melhores é preciso não vacilar. E vocês vacilaram, poderiam ter feito mais gols no primeiro tempo. Vocês ganhavam da Holanda e deixaram o jogo fugir do controle. Tudo bem (respiro fundo) não vamos mais falar deste assunto. Inês está morta.

Outra geração virá, alguns do atuais jogadores na próxima copa poderão ser comentaristas, simples torcedores, auxiliares técnicos, embaixadores etc. Alguns resistirão e integrarão a nova seleção. Pode ser que dê certo.

A vida seguirá. Até 2014 vamos continuar imbatíveis no quesito número de copas vencidas. Talvez venhamos a ser ultrapassados no ranking da FIFA, mas isso não quer dizer muito, ainda mais se a seleção da Argentina ficar campeã e o Maradona cumprir a sua promessa de desfilar pelado. Que desastre!

Algum jogador brasileiro, talvez no momento do embarque para casa olhe com cara de choro para o horizonte africano e diga: “Bem povo da Africa, parto com vontade de ficar mais uma semana e meia. Mas é a regra. É a vida. Tenho que ir. Arrumo as malas devagar. Voltarei ao convívio dos meus. Volto para a rotina do dia-a-dia e dos meus jogos nos finais de semana.

Que desânimo! Eu que sonhava em voltar coroado de ouro, volto cheio de explicações e com nenhum objeto de lembrança para os meus familiares, pois o Dunga não deixou a gente sair. Pensei que iria ver os leões. Entretanto não vi. Vim para a África e nem pude brincar. Apenas me deixaram tocar um pandeiro no ônibus e na concentração. Tudo bem. Valeu pela oportunidade e pelo retiro. Adeus”.

É isso. Até a copa 2014. Se Deus assim permitir. O legal é que não precisaremos jogar as eliminatórias, pois somos o país da sede. Um sofrimento a menos. De agora em diante vamos aos pouco voltando do estado de transe. Estamos de volta ao chão. Contas a pagar e propaganda política. A coisa ainda vai melhorar é só esperar.

Desculpe-me a intromissão, mas falta quantos dias mesmo para as Olimpíadas? Vai Brasil!!!!!!

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